17 de dez. de 2008

Moradia

Tenho um amontoado de pertences largados.
Alguns utilíssimos, e tantos outros, já destinados ao abandono.
Ainda não sinto em muito, as muitas partes de mim.
Das que mais sinto falta são as imateriais, que continuam flutuando pelo meu quarto, habitando minha cabeça, minha moradia.
Toda essa sensação me confere um estado de inação, um pretenso exercício burocrático do largar-se.
Muito de mim já escala as paredes da memória atrás de uma emoção maior, de paixão pelos passos que dou, pelas multidões que preenchi nesse 1/4 de existência.
Meu andar vacilante aspira pertences melhores, e principalmente, que não tenham débito ou crédito envolvidos nisso.
Talvez tenha que deixar marcas muito mais que imaginei.
Talvez eu tenha que fechar os olhos e deixar queimar o coração em alguma labareda mais promissora.
Vejo não ter maior vocação que não seja inquietações e o tempo para pensar nelas.



12 de dez. de 2008

colina.

no infinito pensamento que larguei.
por toda obra temporais - enquanto juntamos ombros em marquises, embaixo de toldos de botecos em bairros pobres.
todo o crédito nesta vida, todo o frescor das janelas abertas de uma temporada febril, tudo propaganda desses tempos de desejo.

toda a febre das peles, todo olho cristalino.
um vazio que se enche de cores e risos. quem passa, quem foi, quem nem nunca veio.
os juros e varais vizinhos, chuva lambendo os braços, tatuagens.
eu jurava o mundo todo em descompasso.
eu não restava dentro - campo aberto e britadeira.
tremendo campo minado, e um mundo de explosões particulares.


com lua




7 de dez. de 2008

Há tempos que não tenho um sono decente.
Tenho culpa mas nem tanto.
Aquela parcial, pois existem os fatores inconscientes que unidos aos da rotina, transformam-se nesse pandemônio mental particular.
Vou considerar isso quase que assunto encerrado - chateação que já descasquei bastante por aqui.
Mesmo numa fase/crise sem pé nem cabeça, sem direção precisa, carecendo de emoção, não encontrando prazer nem no SONO, nem na comida da mãe e muito menos na minha, resgatei três preciosidades que gostaria de partilhar.
É rápido, objetivo e de efeito imediato em curtos minutos.
Ainda me sobra nostalgia de tantas coisas e pensando, fuçando nestas, relembrei de músicas, queridas companhias de um tempo em que tinha vitrola e Super Nintendo e ficava deitado no chão brisando.
Em que era simples ser estudante de porra nenhuma que mal tinha preocupações e responsabilidades direito, e incrivelmente tinha sonhos (e deusdocéu, os de padaria eram bons de verdade).
Bendito saudosismo de agora.
Como disse, três queridas. Duas são do mesmo álbum, o "Ram" do Paul, baixista daquela bandinha super alternativa, "The Beatles".
As faixas são "Ram on" e "Long Haired Lady". Abstenho-me de comentá-las. Desnecessário.
A terceira "Heart of Gold" do Neil Young, não tive o prazer no vinil, mas enquanto baixava essas duas percebi o link em algum canto do site em que estava e assim foi-se/foice. Nela tem uns solos de slide guitar e gaita ao estilo sujeito-sozinho-num-deserto-de-filme-americano, bigodes, botas e tudo mais. Folk-old-school, rapaz.

Ram on

+

Long Haired Lady

+

Heart of Gold




4 de dez. de 2008

Arnaldo.

Sem a sorte de um sono tranqüilo.
O cheiro do pai pela cozinha.
A ligação do outro - RH.
Não sinto a ponta dos dedos.

Já não sinto mais.


--texto do ano passado salvo no rascunho do blogger.


25 de nov. de 2008

# Hauschka

Já tinha baixado o álbum dessa banda, mas os clipes caíram de repente nessa tarde mole no estágio. Feitos pela Overture (Jason Malcolm Brown e Aya Yamasaki Brown) são de uma sensibilidade de cores e natureza de traços ímpar. Hauschka (aka Volker Bertelmann) é alemão e tem seu último disco lançado pelo selo FatCat ( Animal Collective, Sigur Rós, Björk, múm, Vetiver). Ainda não saiu a última parte dessa trilogia de clipes, mas vale muito a pena conferir e colecionar mais esse som para o seu respectivo player, querido desocupado.

parte 1

parte 2





13 de nov. de 2008

O ano que não começou.

Esse ano acabou mais cedo.
Não cumprimos datas
por ter que ir a luta.
Decidimos trabalhar uma hora extra, estudar menos capítulos, assistir menos seriados. E claro, perdemos sábados, domingos, feriados, fluídos, centavos, tributos.
Os dias tiveram as mesmas horas, de anos nossos tão saudosos, mas estes, cuidaram de passar mais rápido.

Furtaram horas, memórias, sabor.
Alguns aniversários esquecidos, cartas não respondidas, emails não lidos.
Chegaram abraços sem calor, quase sem braços.

Crianças passearam pela rua e não marcamos a cor de seus rostos.
Mudaram os ingredientes dos nossos pratos favoritos.
Furtaram a roupa que marcava o que ainda tínhamos de melhor no corpo.
O vermelho do nosso carro. O abismo que nos aguardava.
Fugiram com nosso janeiro, nossa sexta, nosso texto.

No limite do alcançável, tudo ainda era possível.
Tivemos mãos e não joelhos. Blogs e não texto, comida e não lograva o apetite.
Caímos em doces contradições.

Criamos vícios. Largamos de ternura, das casas ornadas, dos cães danados.
Há quem suspeite que esse ano nem tenha começado.



10 de nov. de 2008

# Recomendação da semana e pra vida!


o clipe que eu sempre quis fazer.
E dia 27 estaremos lá.

9 de nov. de 2008

Fui escovar meus dentes. Domingo, quase dez horas da noite. Abandonei uma conversa que mal começou no messenger sem maiores explicações, sem o menor receio do grosseiro.
Cá entre nós, sem medo da tentativa, o que seria da vida bem vivida sem o risco? Estava justamente a pensar - e a "sofrer", conseqüentemente - em como me meto num receio de me assumir no que sinto.
Vou entregar. Só é preciso observar um pouco, que de fato, encontro no meu escrever
subjetivo, uma fuga perfeita pra não assumir meus modos, minha opinião factuosa.
Não é lá muito fácil ainda me arriscar dessa altura, escrever em letras garrafais que NÃO SINTO "X" POR AQUILO ou ALGUÉM, mas lendo um pouco sobre o gonzo jornalismo de H.S.Thompson, veio a motivação, a querela de experimentar.
Fiquei, de repente, atento aos meus pequenos pensamentos e distanciado do meu governo mental ditador. Abandonei o trabalho bosta da faculdade meia-boca sobre Direitos Autorais na Web, e fui comer resto do almoço com suco de laranja, ouvir Gal Costa e pendurar as pernas num nível mais alto que o móvel semi-destruído ao lado do computador.
Há dias que me interrompo desse escrever que irrompe. É o medo que transporta, reparo.
Medo e remorsos. Medo, remorsos e finanças,
podendo ficar neste jogo infinitamente. Seria fácil querer me julgar saída. Vejo que em busca dessa resposta, perco os minutos, os pensamentos preciosos em momentos úteis - mais uma vez a comiseração invade. Na busca por encontrar um resposta rápida, entro num contratempo danado, não conseguindo nem resposta, nem vida útil, nem a precisa experiência. Quando toca a guitarra de "The Archaic Lonely Star Blues" - chuto pelo timbre dessa, Lanny Gordin - me vejo invarialvente confuso por bobeira, por ter o dom de atrapalhar-me sem precisar de fatores externos, quase uma burrice desmedida.
Mesmo com os fones no ouvido, pego os fins de conversinha de mãe e irmã e sempre acabo me inteirando do assunto sem perguntar - ato que faço logo após, com muita cara-de-pau - e percebo que tenho uma mania autista de cumprir um papel de não-envolvimento quando em casa, e quiçá, na vida.
É provável, poderia interminavelmente ficar por aqui refletindo sobre detalhes e meu 'mesmismo' ausente de humor por linhas extensas, MAS,
isso - este texto - necessita acabar.
Hoje a melhor definição seria: quero estar só comigo, mesmo que só tenha descoberto no fim do dia.
Ah, e melhor, seria mesmo estar só e a vitrola. (...)

Um cigarrinho? Até que ia bem.

interrupção de carta mental

"... caminho feito farsa ao longo do caminho, sem te olhar nos olhos, sem assumir os riscos, sem considerar os erros ao me aproximar, a insistência, o excesso de ausências e depois a ausência de respiros.
a vontade de te recusar, feito brasa, dispersando meu sentido, me dando coisas, engulhos, travas.
não é nem tão triste.
eu não valho muito mais que as palavras ditas nos lugares certos, que brinquedos de gente crescida e seus jogos de mini-adultos dissimulados.
só quero que não me entenda e que não o tente.
estamos combinados.
.."

31 de out. de 2008

"- E até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho? - perguntou.

Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinqüenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.

- Toda a vida - disse." pág. 429 e fim.


10 de out. de 2008

Desejo antever dúvidas, precipitar torturas, surrupiar as comidas gordurosas, enfrentar o tempo extraordinário.
Pode até ser em meio aos teus cacheados fios - eu em mim - caibo, calado, embaixo da saia solitária, calado, tremendo, colorindo o inverno com Radiohead e chuva fina.

7 de out. de 2008

sonho:

Ele decorou um recorte de palavras fixada naquela ponte que passava lá longe.
Foi demorando-se, delirando de passo em passo.
Não restava um pedaço sequer - poderia ver duzentas fotos sem parar e ela lhe teria o mesmo impacto até em cores melhores - contudo, seu rosto sumia, perdendo o foco no fim da vista.
Deixou os embrulhos sob a calçada e sentou pelo meio-fio.
Ele e a cruz.

"Tem uma coisa dentro de mim que continua dormindo quando eu acordo, lá longe de mim."
Morangos Mofados - Caio F.

29 de set. de 2008

segunda-feira novamente.
o velho clichê, as idéias feito roupa antiga, desbotada.
ultrapasso a barreira da espera, e em alguma ansiedade tosca, suporto com inabalável paciência
o fim dos termos.

21 de set. de 2008

sobrou cansaço.
eu já tinha minhas dúvidas e cheguei acho que, num estado de vencido, convencido pelas circunstâncias.
acho que não há mesmo como lutar contra certas coisas... a gente tenta fazer o que não pode, insiste, exagera, se expõe e pro final sobra o gosto de bad trip, de noite passada.
entretanto, também sobra alívio, um desconforto feliz - sei lá - é um algo que não me soa triste.
sim, odeio ser conciso. odeio ser direto e adoro as entrelinhas e nuvenzinhas de imaginação brotando.
tá, não interessa muito mesmo. falo de um mundo em que bobeiras fazem tanto sentido quanto rir sozinho de uma piada que você vê graça, vestir aquela roupa que você adora, deliciar-se com aquele terrível mistura de alimentos que somente o seu estômago aguenta digerir.
não me surpreenderia saber que o que importa mesmo e o que levo são, estes dias pequenos, essas horas miúdas de poucos dedos que, às vezes, fazem tanta falta por essa agilidade dos dias de calendário...

14 de set. de 2008

11 de set. de 2008

Sem poesia.

segundo dia de chatice, marasmo, desânimo.
mais uma madrugada me perguntando se estou vivendo um nada que valha algo mais.
odiando o semestre da faculdade, sentindo um perder-se invadir o corpo, a mente num vai-e-vem turvo.
o olhar míope sobre a vida.
sem vontade de sair muito longe, visitar os mesmos lugares, as mesmas caras, não receber cartas.
chegar em casa e não saber o que fazer, onde sentar, o que conversar.
ver o fim de semana chegar - zero motivação, zero grana, tv lixo, internet clichê, beijos sem uma namorada, sem paixão, um cumprir de papéis existenciais, mais rotinas - e já segunda-feira.
bem, era isso? aonde foi mesmo o ponto em que escolhi tudo isso?
acaba-se a memória de curto prazo e o passado alimenta essa máquina que é pensar.
chegam os prazos, os pequenos salários, a comida cara, as gripes cobrando um tempo pra celebrar o corpo exausto.
quando é que vou cumprir meus planos? ainda me lembro deles? em que ponto parei de creditar nesses lances minha pequena felicidade mundana?
quantos dias de chatice extrema ainda vou carregar nesse lombo estagiário?
os livros que leio, as imagens desses filmes, essas cores, tantos diálogos interrompidos, os fins de tarde sem cigarro, conversas, os doces depois da marmita, o ar-condicionado detestável, as bobeiras que escuto, as que digo, as que invento, tudo no mesmo lugar, sem volta, sem direção.
tudo em volta de mim, dançando sem sair do lugar, eu me sinto cair, cochilar, pescar, acordar, dormir.
acordado até cedo, dormindo muito tarde, tragando vitamina C, chás, bolos, sorteando as conversas entre as telas do messenger, gmail.
os dias pequenos acabando comigo.
existe o erro? onde encontramos? uma cura pra tudo?
não. não sei. não.
vamos... sem poesia.

9 de set. de 2008

Recomendação da semana!

Aqui vai uma especial recomendação musical pra quem quer conhecer ou descobrir um pouco da cultura musical brasileira.
O cara é: Dorival Caymmi.
Destaco a beleza e força de sua voz que ecoa um olhar atento aos cenários poéticos praieiros bahianos.
Reservo aqui o álbum de 54 intitulado, "Canções Praieiras" (só clicar no nome).

Um bom tudo pra vocês. :)


7 de set. de 2008

Não em mim.

Foge um pouco da razão estar em frente a tua porta agora e te pedir isso.
Talvez alguma dessincronia cerebral ou uma rasteira que sobra desse destino.
Ou quem sabe a parte boa que há em mim esteja me fazendo o favor de agir pelo bem das minhas células, em prol da vida que pode vingar dentro de mim.
Não aprecio essas reticências, por isso cheguei ate aqui.
Já me invade um mundo de dúvidas e desejo não estar em lugar que não seja seguro.
Lembro da última tentativa, dos dias que se seguiram e percebo que pode ser besteira... que é melhor voltar enquanto é tempo, enquanto ainda não pago esse papel que me propus, mas alguém abre a porta antes que eu dê as costas.
Esse alguém não é você.

31 de ago. de 2008

Domingo febril e débil

Post it de geladeira até o fim do ano.
- sair de uma rotina amorosa.
- providenciar adega de Almadén e uma vitrola (urgentíssimo).
- parar de ouvir LH, González, Mogwai ou qualquer groselha que soe o que me deprime
.
- não achar que tenho um problema em me relacionar com elas.
- comprar a porra da escaleta.
- fugir do óbvio.
- repensar ou recriar opções carnais.
- jamais ter como opção virar eunuco.
- parar de compartilhar tristeza via qualquer mídia.
- achar alguns livros do Manoel de Barros e me afogar neles.
-
comprar qualquer brinquedinho da Apple até o fim do ano.
- conhecer outra forma digna de ganhar dinheiro.
- marcar uma lobotomia se necessário.
- arranjar viagens não-mentais e prazerosas.
- descobrir que dormir cedo, às vezes, também é saudável.
-
comprar um Vans vermelho e uma luminária pro quarto.
- presentear amigos de alguma forma.
- voltar a ter esperanças no mundo, na vida, na música, no amor...

- não fazer promessas.
- descobrir algo que eu goste muito e me apaixonar por isso ( claro que não vale pessoa).

vamos lá. 3 meses, bróder.

23 de ago. de 2008

"Mini-mistério"

ela é estranha.
nunca me prende.
não me aceita, não me devolve.
ela fica girando.
eu perco o foco, sinto um cheiro, desenho um coração no guardanapo.
enquanto assobia, enxergo as notas pulando de sua boca.
ela é um mundo bonito.
ela corre e suas pernas obedecem satisfeitas.
ouço Gal e fico pendurado, quase caindo, caio.
eu não quero ser salvo.
no sonho eu fico pelo pescoço dela.
doce tudo que vejo.
difícil me soltar num grito.
melhor o som rouco que ela tanto gosta ali, no cantinho certo.
sendo grave em muito, vou sendo.

20 de ago. de 2008

Recomendação da semana!

Recomendo muito, mas muito mesmo que escutem um tal de Léo Ferré.
Cantor e poeta, ícone da música anarquista francesa, musicou vários poemas de Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, enfim muitos motivos pra se deliciar com a voz e talento desse cara.


Segue link para os vídeos no youtube e que sejam deliciados em doses lentas e saborosas.
http://br.youtube.com/results?search_query=leo+ferre&search_type=

Esse Léo é danado.

18 de ago. de 2008

outro denso.

Já nem tinha percebido o quanto havia reparado na profundeza do meu olhar, meio de canto, meio rente ao espelho.
Não me restam outras fugas pela hora.
Refazendo as contas, os
juros que me convertiam a declinar, inverter, duvidar... ía largando na minha própria revolta o desejo de ser outro e nesse outro ter o seguro.
Pela minha mente vejo o passo-a-passo, o largar da saudade, a nostalgia do que nem aconteceu.
Vendo o passado próximo ainda, tranco as feridas, lhes dou nomes, aumento as dores, admiro as cicatrizes, sinto prazeres.
Eu revelo uma vontade extrema de juntar as coisas, de varrer os planos, de botar fogo nas partes, rabiscar paredes, beijar amigos, aumentar o quarto.
Já não faz sentido assim, ser somente só eu.
Não me comparem num tipo meio louco, desviado.
Eu ainda sei muito bem o que quero.

16 de ago. de 2008

Eu preciso pensar e dormir mais alguns milisegundos. Só mais alguns...

2 de ago. de 2008

Pré-fabricado

Eu tenho um coração gelado, um coração quebrado e cheio de pontas que confundem e rasgam roupa e pele de quem aproxima.
Meu coração é feito queda, não sucumbe, reage, dispara lasers, cala fundo.
Em sua falta me conta casos terríveis, me perturba, desenha frutos oníricos, me afunda a cabeça ao travesseiro, interrompe meus fluxos.
Tenho um coração que aluga o quarto dos fundos, canta baixo ao pé do ouvido, um coração que pratica o virtuosismo de bater em pânico no silêncio do teu céu.
Já não digo ao coração que cansa, eu hoje espero e opero a minha solidão.

27 de jul. de 2008

Deu um passo e um espaço maior entre as coisas que ficavam pela mesa.
Não havia mais barulho algum pelo subsolo, nem as nuvens lá no alto mantinham, vigilantes, os raios de um sol itinerante. Brincaram com aquelas cartas sobre a mesa, um jogo desconhecido pela qual valia tudo, inclusive o dinheiro que pouco tinham e o seus sabores, líquidos e corpos.
Ninguém mais se engana, esse é o irremediável, curto período que quando andavam pela ruas sentiam o formigar uns pelos outros.
Deu outro passo baseado pelas distâncias e pela intuição.

Não haveria jeito, ele intuía desde antes pelos cheiros que emanava.
Melhor o fim logo.
Melhor ir direto a sobremesa.


Divertiram-se pelo palco, criaram placas e códigos próprios, piadas ingratas e cheias de humor negro. Plantaram dúvidas e planejaram vagas para os próximos.
Era melhor alugar aquele espaço. Era o melhor lugar que desejavam...

Parcelou suas perguntas em duas rodadas de vinte minutos cada.
Ele teria tempo e as dores passariam, o vestir seria rápido e o barbear superficial.
Não lhe agradavam os rumores.
Bastavam as vitórias e pontos finais.

Ê Drummond...

"Não chore, Carlos, o amor
é isso que você está vendo :
hoje beija, amanhã não beija. Depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será".


Homem sábio.

20 de jul. de 2008

Segue notícia publicada no site do jornal "Brasil de Fato":

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/encontro-em-sp-discute-criminalizacao-de-movimentos-sociais

Quanto falta pra declararem o MST como um movimento autenticamente terrorista e brasileiro?

# todo preza

Diria entre todas as conjecturas que a sua sombra preservou o meu ar entre madeixas e sorrisos tortos. Aposto que não saberia me contar teus segredos ou revelar as entrelinhas (as quais conservo-me no direito de ler em particular velocidade). Entre as vozes dissonantes avanço o meu olhar DVC pelas tuas partes e gravo meu take, mixtape, mis en cène, minha memória de terabytes.
Chego - é a mesma cena, revisitada - ela parada, aproximo, faço média do atraso, olho fixo a coloração da pele do rosto e o piscar de olhos, o brilho.
Exagero, aproximo a boca e o olhar macro percorre os pontos, as pintas e cicatrizes, o suor e as marcas.
Sussuro - "é o melhor que há em mim, o melhor". Ela engole as palavras, espreme a resposta entre as pálpebras e evoca o mistério. Diria entre todas as conversões que a sua voz rascunhou em mim e eu, sobretudo, considerei o avanço e sorri entre as folhas de caderno que ficaram marcadas pela tinta porosa que guardei de recordação dos dias difíceis.
Te disse que lembrar era como tentar escrever, que contar era percorrer, então dormir sempre foi o melhor que podia. Pedir companhia não é nada raro hoje - "fica, fica, fica..."
É hora e assim, partir breve.

14 de jul. de 2008

Em meio a postagem habitual me vejo entre os destinados nesse resto de noite a me largar no vadiar da imaginação. Variar entres tantos termos distraídos é uma luta pronta, pasteurizada que apronto pontualmente no fim das frases e risadas disfarçadas.
Ela que foi segurando-me, ordinariamente ainda e a contraforça querendo rasgar o peito, querendo largar as roupas pelo apartamento, esvoaçando os cabelos.
Não havia mais forças, não haveria.
Publiquei tudo de um modo mais sensato e ela foi prendendo, feito gata, todos os lençóis.
Não queria mais as forças, não viriam.
Larguei o cigarro pelo assoalho (outra-vez) enquanto choviam falsas propostas de aconchego.
- Dizes, o que é esse norte em tua testa?
Correu o sangue e fiou-se uma nova cumplicidade.

23 de jun. de 2008



Ia postar groselhas da minha vida mas recomendo algo mais importante.
Não custa nada, dêem uma olhadela no trampo do Carlos Latuff.


19 de jun. de 2008

Certo desencanto.

É um misto de desencanto com alívio.
É um doer em várias partes, inclusive pelos bolsos e cartões de débito.

Quase não chego a uma conversa séria, um pensamento lógico.
Quase feito um devaneio
, uma dor de barriga, um bode da vida, um porre de vodka baratinha.
Não me presto a servir em doses mínimas, apresso as cavalares e vem a pontiaguda dor no meio do peito, sem os cheiros todos e lembranças...sem vestígios.
Vou vendo e revirando e não há nada. Nada. Tipo a música dos Los Pirata.
Incomoda e alivia. Pressiono e já não sinto bem o que antes latejava.
De repente, aquela cicatriz antiga sumiu e você demora a sentir falta.
A ausência do cheiro que incomoda...
Tudo é o imediato, o valor de troca, o valor da hora, da memória.
Fui deixando, deixando e cá estou, desencantado.

15 de jun. de 2008

Rapaz...

12 de jun. de 2008

Recomendação da semana!



Maravilha! http://www.myspace.com/tobacco

9 de jun. de 2008

...veio junto com a vontade de chorar e abraçar.
foi bem na hora dos sorrisos, dos bilhetes com telefone e recados que se guarda na bolsa.
ficou na última tragada dada sentado em frente ao cinema.
foi com o aperto da mão no até mais.
tudo junto, não premeditado, quase que cantado.
um truque. um clássico. fim de domingo. saudoso fim.
sem relógio, sem pressa, sem controle.
e acho que virá mais. acho...


Culpa do Control, com a tristeza mais cortante. Mas também só isso. (Ok, uma boa fotografia também)


Contraponto: Esse clipe legalzão do Dr. Dog que tá de disco novo.


26 de mai. de 2008

Fica quase feito o discurso em meio ao teu opressivo braço.
Somos feitos de tantos abraços que perdura a vigilância em teu próprio colo, com seus próprios olhos.
Fico ficando, grudado como essa sujeira ordinária pelo prédios.
Todo vizinho é um remédio tomado involuntário.
Finalizando os cartazes procurei em todos os tempos o termo exato, a clareza da renúncia, a exatidão dos prontuários.
Balançamos a cabeça alegremente, negativamente, só pra te receber, filho.
Essa fila nos emputece.
A graça de viver foi ficando pelos ladrilhos, foi morando nos cantos dos olhos dos últimos passageiros desse trem que acabou de estacionar.


12 de mai. de 2008




Descobrindo Pitchfork.tv.

25 de abr. de 2008

Sabe aquela sensação de que tu tomou a melhor decisão possível? Pois é por aí o meu sentido.

15 de abr. de 2008


"Tudo feito. Aguardo numa espécie de contagem regressiva o latejar das sutilezas. Remôo ainda aquele último acorde e penso na grandeza de estar no canto mais gostoso da minha cama, me perdendo nas cobertas devagar. Queria sorver certas malícias e mandar pro caralho um bando de pessoas gritantes do andar de cima. O dia me faz aguardar um pouco mais e assim vamos, beirando a corrente de acontecimentos, eu e minha cara pré e pós-barba.
"


retrospecto

proje(c)to

etc.