Terminou em casa.
Ficou com o cheiro do perfume do último abraço.
Carmensita. Luana. Verônica. Pêlos de gato na blusa de lã. Cheiro de
vodca no cachecol. Outra noite curta. Os amigos cansando logo.
A comida fria, o dinheiro curto demais. Sobram reclamações.
O jantar acabando com cada um de volta a suas aquecidas cavernas.
Terminou em casa, então.
Acendeu o cigarro e foi pra janela.
Três horas e quinze minutos. Sete segundos. Seis.
Uma única luz acesa no meio da avenida. O caminhão do lixo.
Reuniu os últimos pensamentos como o lixo ali na esquina.
As baforadas lentas limpando os pulmões.
Sente o vazio e o estômago apertando, insistindo em pôr coisas pra fora também.
O calendário caindo logo atrás de si. O vento trazendo mais chuva.
O cheiro de terra assaltando lembranças da infância.
Alguém insiste ainda em King Crimson uma hora dessas.
O vizinho lhe dá trilha sonora pra finalizar o cigarro, vomitar no vaso do banheiro ajoelhado, e deitar na cama - se lembrando bem de antes desligar o temido despertador.
Hoje não foi bem um dia.
Terminou em casa.
11 de ago. de 2009
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2 comentários:
Por meio desta, a cúpula mundial do Sindicato da Injustiça informa: o S.I. apóia todos os anos que acabam, e a idade que chega.
(devido à mudança de plano após tão vasta idade, mandaremos o boleto com a nova tarifa de contribuição.)
Grattos.
Tudo, sempre terminará . . .
. . . em casa.
(...)
ps: perdoa, mas está perdoado.
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