30 de ago. de 2009

"Homesick"

Voltei lembrando no coletivo.
Você correndo praquele avião que não te traria mais.
Eu ficando, e pequeno, distante.
Recolhia tudo que era resto, tudo que ficou espalhado enquanto se acreditava.
Ainda ouvia aquele disco da Sybille Baier quando chegava do trabalho.
Meus sapatos sendo mais que devorados no calcanhar.
Minhas plantas morrendo ali naquela janela que nem abriria mais.
Cantava baixinho e sentia o cheiro do fim daquelas tardes alaranjadas.
"E sobe o aroma de tudo que viaja", você sussurrava.
Eu não saberia dizer o quanto estou vivo.
Subindo a rua de casa percebendo que os cigarros estão acabando rápido.
Meu cérebro se aperta, ocupado em cobrar cantos pra lembranças assim.
Eu sempre queria você pra lembrar de pequenos fatos.
Porque eu não sei mais o que fazer nesses dias.
Perdi vendas demais essa semana, e o inverno faz silêncio demais em horas inapropriadas...
Então, e bem aí, eu só gostaria de não poder parar de ouvir essa mesma canção de todos os meus
dias, deitado no chão, fumando quieto o meu último resto de outono.


4 comentários:

Madalena disse...

Juro por alguma coisa sagrada que ouvi algumas músicas, senti o chão gelado deitada ao seu lado, e quase quis reclamar do cigarro de tanto que senti na pele o ambiente assim descrito.

Anônimo disse...

/me contemplando.

Bruno disse...

"someone who needs somewhere"...

Adriel disse...

Simples, e prende a atenção...

Otimo! Texto
Grande Abraço!

proje(c)to

etc.