21 de jan. de 2009

o homem sem romance #5

"Fiquei olhando o jeito como mexia os lábios distraída e aguardava sua estação enquanto movia as páginas de "A Montanha Mágica".
Pelos cantos dos olhares, derrapei entre as frestas dessas janelas enormes e claustrofóbicas e timidamente me permiti encontrar os traços nela tão familiares aos meus gostos; meu amor pelas sombrancelhas das pessoas, das mulheres, das crianças.
Minhas mãos enrugadas procuram a ponta da revista que carrego e folheio - a melhor muleta de passeios aleatórios.
O segredo é esperar.
As coisas todas acontecem enquanto nos preocupamos em encontra-las à nosso modo.
A experiência me preparou a paciência como lazer e digressão.
O poder de fechar portas, receber educadamente pessoas e confortar-lhes com diálogos leves e até surreais.
Eu, meus temas e substâncias, gerúndios e conformismos, tentamos apagar a distância que nos separa desta moça e a montanha.
Esse abismo tolo cheio de nós."


6 comentários:

l u a * disse...

você é deliosamente bizarro, neguinho.

- no aguardo.

Laura Bourdiel disse...

Muito, muito legal mesmo.
Sempre coisas legais de ler por aqui.
Tem passado no Mundo Aparte?


¡besitos!

Amanda Beatriz disse...

o abismo sempre vai existir. entre todos!
beijo!

Carlos Howes disse...

Esse abismo é completo de nós, meu caro.

Grande escrito.

Tati Almeida disse...

como diria um poeta querido: 'distraídos venceremos'. :)

;*

Jaya Magalhães disse...

Abismo tão cheio de nós.
O gosto pelas sombrancelhas.
Os traços familiares a eles, os gostos.

[Coisa de você, tão minhas!].

E o todo, das tuas palavras. Casadas tão bem, todas elas. Quis sê-las. E fui.

Bonito te ler assim, Ygor.

Beijocas.

proje(c)to

etc.