10 de mar. de 2009

o homem sem romance #8

Criou um login com nome de mulher.
Às quase quatro da manhã, declarou-se disposto a sexo casual + malabarismos de veterana naquele fórum costumeiro.
Enquanto o filho largava a cama pelo colégio, fingia gemidos e cumplicidades em salas de bate-papo.
Já no café da manhã, contava a mulher a dificuldade de expressar em muitas linhas sua tese sobre a existência do genocídio armênio; enfim, perdera toda a madrugada na labuta.
Seus óculos, meio tortos, teimavam em refletir a claridade intensa invadindo a cozinha, os pães e as tortas.
O ponteiro do relógio de parede ansiava o calor de pilhas novas.
Os farelos, em grandes fileiras pelo chão, cantavam risonhamente uma felicidade estranha.
Se pudessem usá-la em palavras, diriam que tudo o que não se sabe ainda, é melhor que o remédio alucinante que carregavam em essência.


5 comentários:

Madalena disse...

Obrigada. Definitivamente, obrigada.
Sua interpretação, ou melhor, sua leitura incisiva e demonstração prática clarearam os pensamentos que já estavam aqui.

Gosto dos farelos que descreve. Gosto mesmo!

Um beijo.

Alice F. disse...

( . . . )

paulo disse...

... trouxe-me a solidão das coisas.

abraços

^^

Amanda Beatriz disse...

cotidiano...

Carlos Howes disse...

oi, quer tc?

proje(c)to

etc.