Ele precisava das férias forçadas.
Abandonou a esposa numa esquina erma com a sacola de frango frito pingando. Acelerou tudo o que não teve aquele Corcel.
Não tinha fome há anos, não tinha sede, não via silêncio, sossego.
Havia mais fundo nesse poço, mas a coragem já tinha vencido nas contas passadas.
Assim tudo fica muito rápido e fácil de se resolver.
Mirou a única porta que se abria ainda e atirou-se, sem pernas bambas ou colírios navegantes.
Sabia mesmo que seu espírito buscador lhe reservava intempéries, então, largar-se num foda-se, má idéia não seria.
Uma voz de mãe não lhe largava as idéias, num repeat infinito - "da vida, tudo se guarda".
Aguardou.
Ele precisava de férias forçadas, porém, só abriu um dos olhos.
Pôde ver bem simples, um pedaço de frango no seu prato e um outro na boca voraz da mulher.
Desse destino dos frangos todos ali já sabiam soletrar. Até calados.
12 de fev. de 2009
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10 comentários:
vende frango-se.
realismo deprimente. a vida sem romance é muito triste.
por isso prefiro seguir amando, enquanto ainda vale a pena.
beijo!
bom, de um jeito dolorido.
e eu tenho medo de frangos.
carne-vermelha-sangrando.
Impecável! Sua assinatura, sua alma... esse é o tipo de texto seu que adoro encontrar por aqui.
Esse tá phoda! rs...
¡besitos, guri!
ygor p. disse...
Devendra Banhart não ajuda.
nao percebi .
quem é esse(a) ? xD
ele precisava de férias... mas não tirou
precisava tacar o foda-se mas nem tacou
precisava parar de se preocupar tanto, mas não parou.
precisava;... precisava... precisava...
pensou.. pensou.. pensou...
ai que eu vou me dar bem com pessoas sem romances..
hahahahahahhhahahaha
beijo
Nada mais rotineiro do que frango.
vende frango-se.
gostei de te ler do avesso, pra você.
quero mais.
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